A preocupação crescente com o meio ambiente e a inclusão tecnológica dos países pobres ganha força na indústria do celulares. Uma série de iniciativas de empresas, entidades e organizações não-governamentais procura sensibilizar as lideranças do setor reunidas no GSMA World Mobile Congress, evento que se realiza em Barcelona até esta quinta-feira.
Algumas ações, embora tenham apelo social, também mostram excelente potencial de vendas. Depois do lançamento do Samsung Blue Earth, movido a energia solar, a fabricante chinesa ZTE, em parceria com a operadora Digicel, que atua no Caribe e América Central, apresentou hoje o Corel-200, um aparelho que é carregado com luz natural destinado aos mercados emergentes.
Com preço sugerido inferior a US$ 40, o produto começará a ser distribuído na África, América Latina e Ásia na escala de "centenas de milhares", segundo os executivos da Digicel, até o final de 2009.
A idéia é atrair os consumidores de países com exposição a largas horas de luz solar durante todo o ano. Uma hora sob o sol garante energia suficiente para 15 minutos de conversação ou sete horas com o terminal em stand-by.
Voice mail grátisTambém atraída pelo enorme potencial de futuros consumidores, a desenvolvedora de soluções de mensagens Movius está lançando um serviço gratuito de voice mail para pessoas que não têm telefone fixo nem celular. O usuário ganha um número de caixa postal virtual no qual pode enviar e receber mensagens gravadas a partir de um aparelho público, por exemplo.
A idéia é inicialmente beneficiar populações em áreas isoladas da África e posteriormente estender o serviço a outras zonas que tenham infra-estrutura de telecomunicações precária.
A própria GSMA vem desenvolvendo ações destinadas à inclusão tecnológica, como um projeto em parceria com a Fundação Bill e Melinda Gates, que doou US$ 12,5 milhões para oferecer operações financeiras essenciais a 20 milhões de pessoas em países em desenvolvimento até 2012. Segundo a entidade, há hoje 1 bilhão de seres humanos sem acesso qualquer tipo de serviço bancário.
Reciclar é palavra de ordemNo campo ecológico, outra preocupação diz respeito à reciclagem dos celulares. Os aparelhos ajudam a produzir milhares de toneladas de lixo tecnológico todos anos.
Um estande da organização espanhola "Tragamovil" procura sensibilizar os participantes da feira para replicar a iniciativa em outros países, ressaltando que 90% dos componentes de um aparelho celular convencional são de material reciclável.
Na mesma linha, a GSMA também anunciou, ontem, o esforço de toda a indústria para que se crie um carregador universal de bateria até 2012, evitando os enormes gastos com matéria-prima, produção e distribuição de centenas de modelos diferentes que rapidamente perdem funcionalidade.
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